New York Times desafia Obama

EUA e Cuba ganham <br> com troca de presos

O editorial do New York Times deste domingo, 2, insta Obama a negociar a troca de Alan Gross, preso em Cuba há cinco anos por actividades ilegais, pelos três patriotas cubanos presos nos EUA.

Basta que Obama suspenda o resto da condenação dos patriotas cubanos

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Sob o título «Uma troca de presos com Cuba» (A Prisoner Swap With Cuba), o editorial do influente diário de Nova Iorque reconhece que Alan Gross «viajou cinco vezes para Havana em 2009, ao serviço da Development Alternatives Inc., que tinha um contrato com a Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID)» e que «fingindo ser turista, transportou clandestinamente equipamentos de comunicação». Descoberto pelas autoridades cubanas, Gross foi condenado em 2011 a 15 anos de prisão por actividades contra a integridade de Cuba.
Segundo o jornal, «só há uma maneira viável de retirar Gross de uma equação particularmente complexa» – a administração Obama deve trocá-lo por Gerardo Hernández, Antonio Guerrero e Ramón Labañino encarcerados há mais de 16 anos nos EUA. Basta que o presidente suspenda o resto da condenação dos patriotas cubanos, o que para o New York Times se «justificaria tendo em consideração o longo período que já estiveram presos, as críticas válidas que surgiram sobre a integridade do processo judicial que enfrentaram, e os possíveis benefícios que uma troca poderia representar para conseguir uma aproximação bilateral». A propósito, lembra que um «painel de três juízes do Tribunal de Recurso do Distrito 11 anulou as decisões em Agosto de 2005, após ter determinado que um conjunto de factores impediu que os réus tivessem um julgamento justo», pois «dada a enorme hostilidade em Miami contra o governo cubano e à cobertura jornalísticas vilipendiando» os cinco, o júri «não podia ser imparcial». Embora o Tribunal de Recurso tenha mantido o veredicto, os juízes assinalaram outras deficiências no processo que levaram a uma redução da pena de três dos presos, sublinha igualmente o jornal, lembrando ainda que a juíza Phyllis Kravitch emitiu um parecer diferente, «argumentando que a acusação de conspiração para cometer assassinato imputada a Hernández não tinha fundamento». O processo judicial foi ainda criticado por «entidades independentes, incluindo um painel das Nações Unidas que avalia detenções arbitrárias, e pela Amnistia Internacional».
O editorial enfatiza ainda que uma troca de prisioneiros «podia abrir caminho para o restabelecimento das relações diplomáticas, o que permitiria que os Estados Unidos passassem a ter maiores oportunidades para fomentar mudanças positivas na ilha através da expansão do comércio, do turismo e do maior contacto entre cubanos e norte-americanos».
Caso contrário, acrescenta o jornal, «perpetuar-se-á a inimizade que reina há mais de 50 anos, continuando assim um ciclo de desconfiança e de actos de sabotagem».
«Obama tem de reconhecer que isto é perfeitamente evitável, mas tem de actuar depressa», conclui.



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